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Papo Sério "A Dura vida de um DBA"

. Papo Sério
Toda vez que você acessa o seu saldo bancário pela internet, faz uma compra na sua loja de departamentos preferida, reserva uma passagem aérea ou até mesmo manda uma mensagem de texto via celular para alguém pode ter certeza de uma coisa. Em algum lugar, sua requisição disparou um acesso à um banco de dados. Não importa onde você esteja, suas informações estão todas espalhadas mundo afora e armazenadas em bancos de dados.
Agora você imagine o seguinte : Assim como você, milhares, milhões de outras pessoas também acessam seus extratos bancários pela internet, também fazem compras em lojas, enfim, todos praticamente demandam - assim como você - as mesmas consultas todos os dias, durante o tempo todo, todas as 24 horas do dia sem descanso.
Agora vamos tentar transpor este cenário para o mundo não cibernético : Imagine um imenso balcão de atendimento e muitas (muitas mesmo) pessoas esperando para serem atendidas. Atrás das incansáveis mocinhas que atendem - ou tentam atender - à todos, está uma parede gigantesca cheia de arquivos, daqueles de metal bem antigos e cada gavetinha dele tem um adesivo com um nome. A sua gavetinha também está ali, junto a outras centenas, dezenas, milhares de outras gavetinhas. Lá dentro estão todas as suas informações, tudo o que você precisa. Mas como são muitos os pedidos, todos tem muita pressa e as meninas atendentes são poucas, você provavelmente vai ficar horas no balcão aguardando. E a cada novo pedido de informação vai ter de amargar mais uma nova espera.
Assim são montados os grandes bancos de dados que nos servem hoje em dia. No lugar das gavetinhas, centenas de discos rígidos iguais à esse que você tem aí no seu PC trabalham em paralelo montando gigantescas áreas de armazenamento de dados. No lugar das mocinhas atendentes, temos vários e poderosos processadores que recebem e processam uma quantidade incalculável de tarefas em tempos menores do que um piscar de olhos. E, utilizando toda esta estrutura monstruosa de hardware, está o BANCO DE DADOS que coordena toda a orquestra, dizendo onde estão os dados, como buscá-los e para onde enviá-los.
Perfeito ! Agora que você já tem uma idéia do que é - e o que faz - um banco de dados, já pode aprender sobre os anônimos que trabalham de forma espartana para que todo esse milagre da tecnologia vire uma realidade e para que toda essa engrenagem cavalar continue sempre girando :

Os DBAs

Isso mesmo : DBA. Em inglês, Data Base Administrator (Administrador de bancos de dados), o DBA é o responsável pelo bom funcionamento de toda essa parafernália. Para evitar, por exemplo, que o banco de dados resolva se comportar feito a mocinha atendente e demore zilhões de segundos para devolver um dado, o DBA organiza e configura o Banco de Dados para que ele responda da forma mais rápida possível. Também é o DBA que garante que todos os seus dados estarão seguros e que, em caso de tragédia geral, eles possam ser recuperados. Todo sistema funciona manipulando uma base de dados hoje em dia e, para tanto, é necessária a figura do DBA para que se tenha absoluta certeza de que todos os caminhos de acesso aos dados usados pela máquina sejam sempre os mais performáticos.
Pois bem, meus amigos. Sem o trabalho destas pessoas que a maioria dos mortais ao menos sabe que existe, as pessoas passariam semanas para conseguir saber o seu saldo no banco; Meses para enviar e receber suas declarações de imposto de renda; Dias para conseguirem marcar um vôo. O banco de dados, em suma, é como uma estante cheia de livros. No início, quando ainda temos poucos, fica fácil achar o que queremos. Por um tempo até que conseguimos ir comprando e guardando tudo direitinho em ordem. Depois de um tempo, quando compramos mais títulos do que podemos organizar, nossa estante vira um inferno e passamos a levar 20 vezes mais tempo para encontrarmos o que procuramos. Pois bem, amigos. Os DBAs são os caras que estão constantemente por lá, arrumando a estante e bolando maneiras cada vez mais rápidas das pessoas encontrarem os livros que querem.

Captou ? Se sim, ótimo.

Eu sou um DBA. Um DBA Oracle. O Oracle é o banco de dados mais poderoso que existe hoje no mercado. Logo, ele é o mais utilizado de 10 entre 10 grandes empresas. E quando eu digo "grande" significa REALMENTE grande. Pelas explicações acima, você pode ter uma idéia do trabalhão que dá mexer com isso. Trabalhamos muitas horas por dia, mal temos finais de semana, dormimos muito pouco ( às vezes nada ) e quase sempre ficamos de plantão com o celular ao lado da cama pronto para pular feito um soldado da segunda guerra ao menor toque do aparelhinho. Esse é o nosso trabalho.

O Dilema

Isto posto, agora vem a parte engraçada. Imagine você entrando em uma loja para fazer uma compra. Daí, conversa daqui, conversa de lá, de repente você está sentando em frente ao vendedor fazendo um cadastro. Meu amigo, quando chega na parte "profissão"... Como explicar tudo isso aí em cima ? Todo DBA deveria andar com o DVD portátil embaixo de braço com um vídeo explicativo. Quando alguém perguntasse "O que você faz ?", bastaria da um "PLAY" na bagaça e pronto ! Caso você não tenha o equipamento apropriado, basta usar o indefectível "analista de sistemas". Funciona sempre, apesar de ser meio precária a definição. Além do mais, ao dizer isso você acaba sempre iniciando aquela conversa do tipo "sério ? Que legal ! Eu quero comprar um computador pra minha tia, quem sabe você me dá umas dicas ?".
E a família então ? Explicar para eles porque você nunca vai a nenhum compromisso familiar ? Por que trabalha tanto ? E por que diabos só você parece trabalhar tanto no mundo ? Triste realidade do DBA. Ele é quase como aquele agente da KGB que trabalha disfarçado, sai de casa de manhã e volta 3 dias depois, com sangue embaixo das unhas, dizendo que estava em um seminário sobre aquecimento global...em TEERÃ. Pois é ! Nunca ninguém entende.
E isso se estende à familia da sua namorada/garota/rolo/esposa/afim. Você vai visitar a mãe da criaturinha e escuta sempre "Ah, tu trabalha com computador né ? Mas o que tu faz mesmo ? Vocês ficam mesmo até de noite lá é ?". Aliás, se você for DBA e se apaixonar por alguém ciumento, possessivo e desconfiado, desista de cara. Não vai dar certo. Você certamente vai passar mais tempo longe dela do que perto e isso com certeza vai dar motivo para briga. Portanto, economize-se do stress.
Assim como os vampiros, DBAs também têm muitas vezes hábitos noturnos. E assim como os vampiros e outros bichos medonhos também tem suas fraquezas. Vampiros morrem de medo de cruzes e alho. DBA's gelam de medo só ouvir expressões como MIGRAÇÃO, PATCH DE BANCO, RESTORE DE BACKUP, ORA 600 e muitas mais. Alguns desenvolvem fobias estranhas como medo de teclados, celulares e gente com cara de analista. É sério, eu já vi acontecer.
DBA's também são praticamente os maiores contribuintes - em termos pecuniários - da classe médica. Dormindo por parcas horas de sono, alimentando-se apenas de pizza, Mc Donald's, café e bolachas durante o mês todo, fatalmente desenvolvem um zilhão de doenças e vão todos, obviamente, ir parar no médico. Uns no cardiologista, outros no psiquiatra dizendo que ouvem vozes que repetem o tempo todo frases desconexas que falam insistentemente sobre seitas alienígenas e servidores possuídos pelo demônio.
DBA's também contribuem muito para o crescimento incessante do comércio pela internet. Como não consegue tirar o rabo da cadeira nem para ir na casinha, ele pede tudo via tele-entrega. Desde comida, passando por remédio prá dor de cabeça, até mulheres - de preferência aquelas que não se importarem de atender no escritório mesmo. Eu, por exemplo, troquei de carro por e-mail. Sério. Nem fui até a loja. Combinei o negócio por e-mail com o vendedor, o banco depositou o dinheiro on-line, ele veio até o escritório - óbvio - buscar meu carro antigo e deixou o novo. Só fui vê-lo quando saí do trabalho.

Não é fácil ser DBA.

Daí você vai me perguntar : E porque vocês continuam vivendo assim, feito escravos zumbis ? E eu lhe direi o seguinte : Pergunte ao dublê de Hollywood porque ele continua se jogando de prédios, correndo em chamas pelo set e batendo de carro em paredes. Ele lhe dará um sorrisinho um tanto quanto masoquista de canto de boca e vai dizer " 'cause i love that shit, man !".
Yeah
We love this
I love this ;-)

Comentários

Sandoval Flag disse…
Grande Horse. Trabalhar com TI (infra) é dose mesmo... Sinto na pele a mesma coisa....
Bom, eu digo simplesmente "Analista de Sistemas"! Poupa o latim!!!!! Grande abrço
Anônimo disse…
Cara, sinceramente... eu fui DBA no começo da carreira, pulei pra DW/BI e atualmente pintou um trampo de DBA de novo... não devo voltar pra essa vida escrava absurda... vou fica no BI mesmo.